"Nova Economia" em pauta

Secretário estadual do Meio Ambiente critica governo federal e Petrobras
Para Francisco Graziano, o país não está comprometido com as questões do meio ambiente, e a Petrobras só começou a falar dos efeitos ambientais da exploração do pré-sal por pressão política.

Acompanhei ontem, quinta-feira, dia 10 de setembro, as discussões do III Seminário Créditos de Carbono e Mudanças Climáticas – Propostas e Desafios para a Sustentabilidade Ambiental, realizado no Hotel Renaissance em São Paulo. Além da presença do secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Francisco Graziano, foram convidados nomes de destaque do setor de energia, como o diretor da Coppe, instituto voltado para pesquisa na área de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli Rosa, e o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

A abertura do evento ficou sob responsabilidade do representante do governo estadual. Ele destacou que o governo federal tem um pensamento conservador por encarar as fontes energéticas renováveis como amarras ao crescimento econômico. “Não adianta defendermos metas arrojadas em Copenhague se continuarmos usando uma fonte de energia tão suja, advinda de um combustível fóssil, em nossos carros. Os escapamentos, com cerca de 90%, são os grandes responsáveis pela poluição das grandes cidades”, disse.

O secretário considera a crise ambiental uma possibilidade rentável de negócios. Em um primeiro momento, as iniciativas consideradas verdes só vão sobreviver se receberem ajuda do governo. “Para garantir escala de competição aos novos setores da economia, deverá haver subsídios do Estado. A economia fundamentada no petróleo tem mais de um século, uma estrutura, portanto, sólida”, afirmou.

Por falar em petróleo, Graziano manifestou preocupação com os prováveis prejuízos ambientais trazidos pela exploração das enormes jazidas do pré-sal, como a urbanização da Serra do Mar, região rica em recursos naturais que sofreria um processo predatório de extração do óleo recém-descoberto. “A Petrobras patrocina tudo. Ela quer se mostrar sustentável. Mas o pré-sal vai trazer muita poluição. Só passaram a discutir as conseqüências para o meio ambiente quando perceberam risco para a popularidade da futura candidatura Dilma (a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, muito provavelmente, será a candidata petista à presidência nas eleições do ano que vem)”, concluiu.

Leia outros trechos do discurso do secretário:

“Esse país se preocupa muito com a Amazônia e pouco com o restante do meio ambiente”;

“Discute-se muito qual será a meta brasileira (quanto podemos nos comprometer na diminuição das emissões em Copenhague), mas não sabemos nem quanto emitimos. Um assunto dessa natureza encontra uma base de dados extremamente frágil referente ao ano de 1990”;

“O Estado de São Paulo elaborou uma lei própria para definir metas setoriais de emissão. Enviamos para a Assembleia Legislativa para votação em caráter de urgência. A meta paulista é reduzir em 20% as emissões de carbono”;

“Aqui em São Paulo, nós não vamos licenciar termoelétricas, ao contrário do que está ocorrendo nos leilões realizados pelo governo federal”;

“No fundo, o que estamos discutindo é a possibilidade de uma nova economia, uma nova civilização. É preciso, sim, investir nas fontes renováveis”.

Nas próximas publicações, você vai conferir o que disseram os outros especialistas.

O autor Bruno Toranzo está disponível para conversar sobre o evento no e-mail: brunovdpt@hotmail.com

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