"Nova Economia" em pauta - Última Parte

“O setor de energia está longe de ser o grande responsável pelas emissões”
Presidente da Empresa de Pesquisa Energética disse que participação do setor de energia na emissão de gases-estufa brasileira é de apenas 2,2%.

“No setor elétrico, os Estados Unidos emitem mais de 200 vezes a quantidade de gases-estufa quando comparados ao Brasil”, disse Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Ele fez a comparação como forma de mostrar que o setor energético nacional está longe de ser o grande responsável pela incômoda quinta posição brasileira entre os maiores emissores dos gases responsáveis pelo aumento da temperatura global. “A responsabilidade do desmatamento na emissão dos gases-estufa é de 60%. O setor de energia responde por meros 2,2%”, completou.

O presidente da EPE mostrou que as hidrelétricas, uma fonte limpa e renovável, geram 81% da energia do país. Já a queima do carvão, extremamente poluidor, uma fonte de energia fóssil, dá origem a outros 6%. No mundo, os números se invertem, já que 41% são advindos do carvão, e apenas 10% vêm das hidrelétricas. Para efeito de comparação, ele escolheu a poluidora China e o renovável, pelo menos em matéria de energia, Brasil. “Enquanto a China gera 40.000 GW pela queima de carvão, nós geramos 100.000 GW através de nossas hidrelétricas”, comparou.

“O Brasil só usou pouco mais de um terço do potencial hidrelétrico. Grande parte desse potencial está nos rios da região Norte. O Rio Madeira é um bom exemplo”, afirmou Tolmasquim. As usinas hidrelétricas causam poucos prejuízos ambientais e melhora a qualidade de vida dos moradores das áreas próximas. Ele lembrou que a usina de Belo Monte, que será erguida no rio Xingu, obrigará o vencedor da licitação a manter áreas de preservação ambiental e projetos sociais. A expectativa é de que a renda da região será multiplicada em até quatro vezes a partir de 2014, data de começo das operações.

Quanto ao leilão de energia realizado no ano passado, ocasião em que o governo privilegiou a contratação de termoelétricas, Tolmasquim disse que essa escolha foi uma situação isolada, sem possibilidade de se repetir, mas necessária. “Um país não pode depender exclusivamente da chuva. As termoelétricas vieram em um momento anterior à crise financeira, cuja expectativa de crescimento da economia, com aumento do gasto energético, era maior”, justificou.

Antigamente, as usinas hidrelétricas estocavam água para a utilização em momentos de emergência, de ausência de chuvas. Hoje em dia, depois das determinações ambientais, não se pode mais estocar. As novas usinas, que não guardam determinado volume de água, são chamadas de fio d’água. “Se não chover, não tem água. A partir do momento que os administradores percebem um leve esvaziamento do reservatório de uma usina hidrelétrica, eles imediatamente ligam as termos. Não se pode deixar o reservatório esvaziar por completo”, finalizou.

Para conversar com Bruno Toranzo, o autor do texto, envie uma mensagem para brunovdpt@hotmail.com

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