Entrevista "New Yorker" - Joseph Stiglitz

Em entrevista à prestigiada revista americana New Yorker, o estudioso Joseph Stiglitz, ex-economista-chefe do Banco Mundial, defende uma grande reestruturação da economia americana, colocando em prática o modelo sustentável, e diz que os Estados Unidos vão ficar muito tempo sem crescer. "Se o consumo interno está fraco, como verificamos agora, é impossível fazer a economia crescer de forma robusta", avalia. O economista é considerado um dos maiores críticos do capitalismo praticado nos dias de hoje.

"Precisamos gastar dinheiro nos grandes desafios, como a melhora da infraestrutura, dos serviços básicos de educação e saúde, além de reavaliarmos a política de energia."

"Boa parte da economia americana realmente precisa de reestruturação. Os princípios básicos da economia, o modo como encaramos o sistema econômico, estão baseados no século XIX. Eles não são apropriados para a realidade do século XXI. Antigamente, uma pessoa era dona do negócio. Se o negócio fosse mal, quebraria. A prejudicada seria ela mesma. Hoje em dia, as empresas são controladas por acionistas. Cada um possui uma parcela. A maior parte dos acionistas não conhece os executivos, aqueles que estão no comando, porque não participa da escolha. Caso a empresa quebre, todos vão para o buraco. O problema é que os dispositivos legais não refletem essa complexidade dos nossos tempos. Como consequência, os acionistas não podem, por exemplo, opinar, mesmo que sejam donos, em relação ao pagamento dos executivos em tempos de crise financeira."

"Saímos do fundo do poço. Mas é um erro dizer que estamos a caminho de um crescimento robusto. As pessoas simples não querem saber se saímos da recessão. O que elas querem é emprego."

"Acho provável que ficaremos sem crescer por muito tempo. É impossível crescer sem consumo. A população americana não tem dinheiro. Ela está sem dinheiro no banco. É difícil enxergar aumento no ato de poupar em um futuro próximo."

"Nós temos que dar o preço certo às coisas. O problema é que estamos tratando como se fosse de graça algo que é muito escasso, como a atmosfera, a natureza. Nós temos que fazer o mercado perceber a escassez do meio ambiente. Temos de dar os incentivos certos."

"Os mercados são centrais para o sucesso de qualquer economia. Só que é preciso que exista regulação. É preciso um constante revezamento entre governo e mercado. Nenhum governo tem a informação e a habilidade de controlar sozinho coisas complexas como a economia."



Não deixe de participar. Escreva para brunovdpt@hotmail.com e converse com Bruno Toranzo, o autor da publicação.

0 comentários: