FMI agora defende regulação no mercado financeiro
Por ser uma instituição financeira adepta ao livre mercado radical, sem a presença do Estado para fiscalizar o capital privado, entrevista do diretor-geral causa, no mínimo, estranheza.
Como instituição financeira conservadora, ferrenha defensora do livre mercado radical, sem qualquer "amarra" do Estado, o FMI (Fundo Monetário Internacional) sempre foi temido pelos países pobres, em especial os latino-americanos. A economia brasileira já dependeu, durante os anos 80 e boa parte dos 90, dos seus empréstimos para não quebrar de vez. O problema estava no que os economistas do fundo pediam em troca do crédito concedido. A receita conhecida como neoliberal pregava a privatização em larga escala, a redução dos gastos do Estado, excluindo os projetos sociais, e a ausência de regulamentação para o capital privado.
Em entrevista à revista semanal alemã Der Spiegel, o diretor-gerente do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn, defendeu, vejam vocês, alguma regulação do governo sobre as atividades do mercado financeiro. Muito longe da influência do passado, a instituição financeira, criada nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, sofre para negociar com os países-membros o aumento do capital disponível em seu caixa. O jornal O Estado de S. Paulo trouxe em uma das páginas do caderno de Economia do dia 15 de setembro, uma terça-feira, a conversa na íntegra. Leia os principais trechos:
PERGUNTA: O diretor executivo do Goldman Sachs (importante banco de investimento americano) disse, após a crise, que o episódio teria sido uma “tempestade perfeita”, argumentando que não se pode fazer nada para se proteger de uma tempestade perfeita.
STRAUSS-KAHN: Trata-se de uma metáfora equivocada. A sociedade humana não é uma força da natureza. A crise financeira foi um acontecimento catastrófico, mas um acontecimento criado pela ação do homem. A lição que todos precisamos aprender é que mesmo uma economia de livre mercado precisa de alguma espécie de regulação, caso contrário o seu funcionamento é comprometido.
PERGUNTA: O senhor está satisfeito com as realizações do FMI nesta crise?
STRAUSS-KAHN: O FMI desempenha papéis diferentes. O primeiro é tentar disponibilizar alertas preventivos contra crises iminentes. Antes da crise, nosso trabalho nesse sentido não foi tão bom quanto poderia ter sido. Uma segunda parte do nosso trabalho é oferecer conselhos aos responsáveis pela tomada de decisões e elaboração de medidas. Nesse aspecto, correspondemos às expectativas. Afinal, as principais reações à crise foram sugeridas por nós.
PERGUNTA: O FMI dispõe de recursos suficientes para desempenhar seu papel no futuro?
STRAUSS-KAHN: Contamos agora com o compromisso de US$ 500 bilhões em recursos adicionais por parte dos países-membros. Dispomos de recursos suficientes para arcar com nossas responsabilidades tradicionais de empréstimo.
PERGUNTA: Muitos gostariam de ver o FMI desempenhar o papel de super-regulador...
STRAUSS-KAHN: Não vejo o FMI como um policial, e sim como um médico. Oferecemos conselhos ao paciente e o ensinamos a conservar uma boa saúde. Se ele adoecer, damos o remédio (bem amargo, por sinal, considerando o passado da instituição).
Estou esperando sua mensagem. Escreva para mim. Estou disponível no e-mail: brunovdpt@hotmail.com
Por ser uma instituição financeira adepta ao livre mercado radical, sem a presença do Estado para fiscalizar o capital privado, entrevista do diretor-geral causa, no mínimo, estranheza.
Como instituição financeira conservadora, ferrenha defensora do livre mercado radical, sem qualquer "amarra" do Estado, o FMI (Fundo Monetário Internacional) sempre foi temido pelos países pobres, em especial os latino-americanos. A economia brasileira já dependeu, durante os anos 80 e boa parte dos 90, dos seus empréstimos para não quebrar de vez. O problema estava no que os economistas do fundo pediam em troca do crédito concedido. A receita conhecida como neoliberal pregava a privatização em larga escala, a redução dos gastos do Estado, excluindo os projetos sociais, e a ausência de regulamentação para o capital privado.
Em entrevista à revista semanal alemã Der Spiegel, o diretor-gerente do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn, defendeu, vejam vocês, alguma regulação do governo sobre as atividades do mercado financeiro. Muito longe da influência do passado, a instituição financeira, criada nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, sofre para negociar com os países-membros o aumento do capital disponível em seu caixa. O jornal O Estado de S. Paulo trouxe em uma das páginas do caderno de Economia do dia 15 de setembro, uma terça-feira, a conversa na íntegra. Leia os principais trechos:
PERGUNTA: O diretor executivo do Goldman Sachs (importante banco de investimento americano) disse, após a crise, que o episódio teria sido uma “tempestade perfeita”, argumentando que não se pode fazer nada para se proteger de uma tempestade perfeita.
STRAUSS-KAHN: Trata-se de uma metáfora equivocada. A sociedade humana não é uma força da natureza. A crise financeira foi um acontecimento catastrófico, mas um acontecimento criado pela ação do homem. A lição que todos precisamos aprender é que mesmo uma economia de livre mercado precisa de alguma espécie de regulação, caso contrário o seu funcionamento é comprometido.
PERGUNTA: O senhor está satisfeito com as realizações do FMI nesta crise?
STRAUSS-KAHN: O FMI desempenha papéis diferentes. O primeiro é tentar disponibilizar alertas preventivos contra crises iminentes. Antes da crise, nosso trabalho nesse sentido não foi tão bom quanto poderia ter sido. Uma segunda parte do nosso trabalho é oferecer conselhos aos responsáveis pela tomada de decisões e elaboração de medidas. Nesse aspecto, correspondemos às expectativas. Afinal, as principais reações à crise foram sugeridas por nós.
PERGUNTA: O FMI dispõe de recursos suficientes para desempenhar seu papel no futuro?
STRAUSS-KAHN: Contamos agora com o compromisso de US$ 500 bilhões em recursos adicionais por parte dos países-membros. Dispomos de recursos suficientes para arcar com nossas responsabilidades tradicionais de empréstimo.
PERGUNTA: Muitos gostariam de ver o FMI desempenhar o papel de super-regulador...
STRAUSS-KAHN: Não vejo o FMI como um policial, e sim como um médico. Oferecemos conselhos ao paciente e o ensinamos a conservar uma boa saúde. Se ele adoecer, damos o remédio (bem amargo, por sinal, considerando o passado da instituição).
Estou esperando sua mensagem. Escreva para mim. Estou disponível no e-mail: brunovdpt@hotmail.com
Bruno Toranzo, estudante de jornalismo da UMESP, sempre trabalhou com economia. Antes de estagiar na GloboNews, canal de notícias das Organizações Globo, passou pelo portal informativo InfoMoney, pela Revista Exame e pelo Jornal do SBT. Há alguns meses, está atrás de pautas que mostrem a viabilidade de uma nova economia, fundamentada no respeito ao ser humano e ao meio ambiente.
Carolina Vertematti está na reta final do curso de jornalismo da UMESP. Trabalhou por três anos como gerente de marketing da franquia de móveis Florense ABC até integrar a equipe de escutas do jornal Brasil Urgente da TV Bandeirantes, veículo que permaneceu por quatro meses. Desde janeiro de 2009, exerce a função de repórter da revista TITITI da editora Abril.
Cintia Roberta é estudante do último semestre de jornalismo da UMESP. Trabalha na Record News, primeiro canal de notícias na TV aberta brasileira, desde a estreia da emissora, há dois anos. No canal, já passou pelo hardnews e, atualmente, trabalha na produção de programas.
0 comentários:
Postar um comentário